Desde que existem dois seres pensantes sobre o planeta, existe a mentira, a enganação e o desejo de "se dar bem". O ser humano, a raça pensante mais facilmente dissimulada e com fortes tendências ao egoísmo e a ambição, dotou-se da incrível capacidade de criar as formas mais mirabolantes e complexas de ganhar dinheiro em detrimento do próximo. E foi assim que nasceu a corrupção.

O exército de Rovannion foi criado como uma mera precaução, de forma que em caso de guerra, uma defesa estaria montada em pouco tempo. Com o passar do tempo, e a ameaça de guerra tornando-se cada vez menos provável, o exército voltou-se para a defesa da moralidade e bons costumes de dentro da própria cidade, reorganizando-se como Panteras Negras.

Sendo Igros uma cidade pacífica, a manutenção de uma força militar de qualquer espécie tornou-se inútil, sendo quase sempre ignorada pelo governo. A estagnação dos salários, devido a inutilidade do serviço, fez com que os Panteras Negras se voltasse para o lado mais escuro da lei, atuando em diversos negócios ilícitos.

Dober, recém chegado a Rovannion, admira a Praça Central. Sem saber onde estava, para, inadvertidamente, uma jovem dama que por ali passava apressada. Questionada, a jovem lhe informa sua atual posição e comenta sobre alguns recentes escândalos de corrupção, antes de seguir para uma movimentação estranha mais adiante.
Ao se aproximar para conferir, Dober constata que as pessoas estavam se aglomerando ao redor de um homem visivelmente bêbado que por ali estava, gritando coisas descoordenadas. Inexplicavelmente, a jovem dama parada pelo Ladino minutos antes adentra o círculo de pessoas e o ajuda a levantar, conduzindo-o para uma grande casa nos arredores. Entre os burburinhos da multidão, poucas palavras se distinguiram, como “Herança”, “Família Decadente” e “A.N.G.E.L”.
De forma a retribuir as informações dadas, Dober ajuda a jovem e ambos adentram a mansão, onde alguns criados o aliviam de sua carga. A jovem, fazendo sinal para que o ladino a acompanhasse, o encaminhou para uma sala circular, onde o mesmo foi contratado para acabar com a corrupção na cidade. Do lado de fora, pode-se ouvir um barulho incômodo. A jovem fala se tratar de um trambiqueiro chamado Jean Valjean de Sartre.
Terminadas as negociações, Dober sai da casa, constatando que o barulho provinha de um homem encapuzado que, provavelmente aproveitando a multidão, começara a organizar um torneio, oferecendo como prêmio 50 Gold’s, um “Rubi da Virtude” e uma espada longa da “Ordem dos Tigres Brancos”.
Antes que o mesmo pudesse sequer se aproximar, uma elfa tocou-lhe o ombro e disse ser a sua parceira naquele serviço. Do alto de uma das sacadas da mansão, a jovem dama os observa, e faz um sinal imperceptível de assentimento.

O sol acabara de passar do seu ponto mais alto em direção ao oeste, de modo que ainda faltava muito para o escurecer. Embora fosse outono, o suor escorria das testas das pessoas a grossos pingos, ensopando-lhes as golas de suas roupas e enrubescendo suas faces. Do norte, uma grande massa de nuvens se aproximava, mas ainda estava longe, embora prometesse uma tempestade considerável.
No centro da praça, um palanque improvisado com caixotes de comerciantes se destacava, onde um homenzinho baixo e gorducho bradava a todos o espetáculo que estava para acontecer. Aos poucos, as pessoas deixaram de se preocupar com as compras que estavam fazendo dos ambulantes ou de suas fofocas e começaram a formar um grande semicírculo ao redor do “palco”, onde o homezinho ficava cada vez mais exaltado, quase caindo na fonte que estava ao lado. A voz parecia reverberar no espaço, tamanha a potência. Em pouco tempo, a platéia também estava eufórica, e algumas pessoas começaram a surgir nas varandas de suas casas para ver o que estava acontecendo.
- Rrrrrrespeitável público! Eu, Jean Valjean de Sartre, trago-lhes o evento de rua mais conhecido do mundo! Ainda inéééééédito em Rovannion! Somente hoje, aqui, nesta praça, acontecerá o grande, o lendário, o emocionante e épico... "Torneio Roland de Gilead"! Quem for forte e esperto, que venha para nos provar! Quem for ambicioso, que venha para ganhar o prêmio de 50 Gold's! Venham, venham e façam suas inscrições...E é claro, a banca de apostas ficará a cargo do meu amigo Apollyon, que estará no canto nordeste da praça, com uma modesta mesa improvisada.